06/01/04

JUSTINO DA MAIA, por TomCRUZE

“Vê lá tu, que ia no outro dia com o Justino da Maia, passeando na Baixa, e que vejo eu? o grão. Não me contive, é claro, e logo lhe digo assim, como quem entabula a conversa mais natural do mundo:
-Vês ali aquele homem, justino?
-Homessa, pois se não vejo outra coisa!
-São 126 quilos, Justino. É meu amigo. E faz bordas. São os bordas mais perfeitos que já viste.
-Pois vê-se logo que é um homem distinto. E que são bordas, ó António?
-Bordas, Justino, são listas de vinhos; centenas e centenas de páginas de listas de vinhos, catálogos infindos. Anda sempre com um papelinho e vai apontando, aqui e ali, os nomes das garrafas, os preços, os anos... tudo o que possas imaginar sobre vinhos. Voilá.
-E para que serve?
-Não se sabe. Mas é o único que faz aquilo. Tem gavetas cheias, armários imensos.
-É o poder de Deus, ó António. É de homens assim que o Mundo precisa.
-Tens razão. E agora vem daí beber um capilé.”

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