12/02/04

O País da Canela e a descida do Amazonas, por Mangas

Conta-se que o "País da Canela", era uma terra situada do outro lado da muralha dos Andes na selva Oriental, governada por uma linda índia chamada Gabriela Cravo, e foi o motivo que reuniu os espanhóis Francisco Orellana, na época governador de Guaiaquil e veterano da guerra do Peru, o seu companheiro de armas e matanças Gonzalo Pizarro e o irmão deste Dom Francisco Pizarro, vice-rei do Peru, tão facínora quanto o mano mais velho. Ao ouvirem falar desse fantástico país, onde a canela crescia por todo o lado até mesmo sem fertilizantes nem adubos, os manos Pizarro congeminaram logo ali romper o monopólio dos portugueses sobre as especiarias das Índias Orientais, isto porque os cabrões sabiam que a canela era a especiaria mais procurada na Europa e seu comércio dava muito bago dourado. Conscientes das dificuldades que encontrariam para vencer terras desconhecidas e hostis para chegar ao País da Canela, os Pizarro prepararam-se em terra e montaram uma expedição com 5000 homens, entre índios e espanhóis, 250 cavalos, 4000 lhamas e 900 cães. Durante todo o mês de Fevereiro de 1541, o exército de Pizarro deixou Quito rumo aos Andes, e de lá prás selvas do Oriente que se faz tarde. Orellana, armado em forte e chico esperto, saiu de Guaiaquil com um grupo reduzido de homens para se encontrar com o exército de Pizarro. Mas fodeu-se porque quando chegou a Quito, não encontrou Pizarro, que se cagou literalmente para ele e partiu sozinho à procura País da Canela, pra ser o primeiro a mamar! Encontrar-se-iam quase 10 meses mais tarde, já o frio, a fome, as tempestades, os ataques dos índios, a diarreia e os insectos e as telenovela mexicanas haviam quase dizimado o exército de Pizarro. A ganir de fome e com os expedicionários magros como cães e mortinhos pra lhe fazer a folha, Orellana decidiu descer o grande rio a que chamou Rio das Amazonas, com 57 homens, em busca de qualquer coisa comestível, e regressar logo que a tivesse encontrado. Pizarro, que foi enchertado em corno de cabra e que pra passar o tempo se divertia em moço a rapar pêlos aos porcos com um corta unhas, apesar da péssima situação dos seus soldados, decidiu avançar a pé, mata adentro, com 80 espanhóis. Valente! Após mais dois meses de sofrimento inenarráveis encontraram algumas árvores de canela. Pizarro que assinava de cruz e de biologia conhecia apenas a bolota e o doce de alfarroba, não sabia que aquelas árvores não eram o verdadeiro cinamomo, de onde se extrai o aldeído cinâmico, o constituinte principal do óleo de canela. Tratava-se da laurácea Aniba Canelilla, um arbusto que cresce em vários pontos da região Amazónica. Por seu lado, o comparsa Orellana, analfabeto e de geografia tinha apenas por certo ser o Danubio o maior rio da Europa, também não sabia que graças à sua incursão rio abaixo, em busca da paparoca para matar a fome, passaria à história como o primeiro homem branco a descer o rio Amazonas.

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