04/01/07

Papel e lápis, s.f.f., por Génio da Informática

No dia 21 de Setembro de 2004, pouco antes da meia-noite, a então ministra da Educação, Maria do Carmo Seabra, anunciava no programa de TV «Prós e Contras» que os resultados dos concursos de colocação de professores estavam prestes a ser divulgados. A situação era confrangedora. Dezenas de milhares de professores aguardavam colocação, as crianças estavam nas escolas e não havia aulas. A verdade é que, malgrado o anúncio televisivo da Sr.ª Ministra, os resultados do concurso não saíram e a situação prolongou-se até aos limites do caricato. A Sr.ª Ministra desculpou-se com um erro informático, a oposição exigiu a sua demissão e a ministra não aguentou muito tempo. Foi ridicularizada na praça pública, e bem, porque falhou onde não podia falhar, anunciou o que não podia anunciar, desculpou-se com um pequeno grande pormenor que mais não fez do que expor a incapacidade dos seus serviços. Passou à história sem honra e sem glória. Lembrar o seu nome é como recordar uma daquelas contratações falhadas de um clube de futebol da IIª divisão-B.
Ontem, soube-se que 883 licenciados em Medicina, repito, 883 e não dezenas de milhares de professores, viram adiadas as suas colocações por causa de um “erro informático”. O ministro Correia de Campos explicou ontem em conferência de imprensa que foi usada «uma aplicação informática nova», que apesar de ter sido testada trouxe problemas. O governante considerou que é «um fenómeno natural» numa situação de mudança, com precedentes, por exemplo, na colocação de professores.
Um fenómeno natural? Incrível! Os mesmos que criticaram a situação caricata em que se enredou Maria do Carmo Seabra, cobrem-se agora de ridículo com desculpas esfarrapadas. Parece que a Ordem dos Médicos já se ofereceu para ajudar a resolver o problema causado pela «aplicação informática nova». Pois bem, eu ofereço-me também, dêem-me um lápis, uma folha de papel e meia-hora. Informem os 883 jovens médicos que daqui a pouco lhes direi onde se terão que apresentar. Comigo, não há cá erros de informática, pelo menos enquanto os candidatos forem 883.

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