30/05/07

Rock Never Dies, por Pop Line

Entendamo-nos: se a música deles fosse meramente um produto standard-americano, tipo rock FM ou Radio Friendly, eu passava em frente. Há milhares de grupos em todo o mundo que fazem música-pastilha-elástica com a chancela Made in USA ou simplesmente Inspired by USA. Basta ligar a rádio, aqui ou na China, e lá está a música americana. Até fede. É o McMundo em todo o seu esplendor.


Os Blood Hound Gang fazem música americana? Sim, sem dúvida. Já ouvi até quem os acusasse de serem excessivamente americanos. E são. Mas é justamente por esse excesso de América que os acho interessantes. A música deles é tão, mas tão americana que acaba por se tornar étnica. É tão étnica como a música da Cesária Évora, do Nusrath Fateh Ali Khan ou do Ravi Shankar do velhos tempos.


Nem tudo na América é standardização. É certo que identificamos frequentemente identifica-se a cultura americana com os seus denominadores globais. Há quem fale mesmo na Globalização como a imposição de um localismo à escala mundial, referindo-se à exportação maciça dos modelos americanos. Há até quem fale no Império Americano. Mas, por outro lado, também há um lado genuíno na cultura americana que inclui a Pop Art, o Grunge, o Ry Cooder, o Sam Shepard, o Johny Cash, o Hip Hop ou o Howard Kanowitz ou os motéis de beira de estrada…


Os Blood Hound Gang apanham como antenas tudo o que faz parte da afirmação americana das últimas décadas: o punk, a electrónica, o heavy metal, o hip hop, tá lá tudo. Junte-se a isto a imagem tipicamente americana de hooligans apalhaçados e as letras maradas e aí os temos. Jimmy Pop, o vocalista, é, hoje, um verdadeiro ícone dos Estados Unidos.


Curiosamente, a primeira vez que ouvi uma música deles foi num documentário, salvo erro do Michael Moore (outro americano!). A música, que é hoje o maior clássico do repertório da banda, chamava-se: Fire Water Burn A letra, forte, muito forte, para mais naquele contexto de guerra, reza assim:

The roof, the roof, the roof is on fire
The roof, the roof, the roof is on fire
The roof, the roof, the roof is on fire
We don,t need no water let the motherfucker burn,
Burn motherfucker burn!


Moore recolhera entrevistas a soldados americanos em luta no Iraque que confessavam que a bordo dos tanques ou simplesmente nos headphones pessoais, a música mais ouvida era esta. Parece que os Marines curtem mesmo Blood Hound Gang, mas os xiitas da jihad é que não devem gramá-los mesmo nada!

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