11/03/08

Evolução das Explicações Dadas Pelo Governo Acerca da Contestação dos Professores, por Telescópio Hubble

No princípio, vivia o sr. Ingenheiro o seu estado de graça e ainda podia fazer tudo o que entendesse que não se ouvia um ai na comunicação social, a estratégia ainda podia ser a da negação. Total, despudorada e absoluta: «Não existe contestação», dizia, então, o valter, curiosamente agora muito caladito...

Depois começou-se a perceber que sim, que existia, que até havia gente a fazer barulho quando o Ingenheiro ou a Sinistra Ministra apareciam, por acaso, numa escola. E a explicação mudou: «Afinal existe contestação. Mas são uma minoria; a maioria dos professores está connosco e apoia a política de educação do ministério.»

Mas as coisas tornaram-se cada vez mais feias. E a versão mudou para: «A contestação existe mas não passam de sindicalistas.»

Infelizmente para o governo começou a ser demasiado claro que era cada vez mais gente a contestar, para serem só sindicalistas. E seguiu a nova versão, Forças do Demo Alargadas: «São os comunistas…» Cruzes credo, t`arrenego Satanás!

Até que a coisa se tornou tão óbvia, mas mesmo tão óbvia, foram tantos e tantos milhares a protestar que já nem a Sinistra Ministra conseguia negar que tinha os professores unidos contra ela, contra o seu ministério e contra o governo do Ingenheiro. E disse a senhora: «Tá bem. A maioria dos profes está contra nós. Mas é porque estão mal informados…» Pasme-se: agora os profs estão mal informados, haja Deus! E concluiu com chave de ouro: «Se fosse prof não sei se não estava lá também…»

No sábado levou com 100 mil em cima numa jornada histórica da vida democrática portuguesa. Os pê-esses já não disseram que eram os sindicalistas nem os comunistas. Já não foram capazes de negar que quem ali esteve foi a esmagadora maioria dos profs destes país. Limitaram-se a voltar à estratégia da avestruz e teimam em berrar que não cedem. Este governo mete os pés pelas mãos e já não sabe o que diz em matéria de educação, como nas outras. São fraquinhos e teimosos.

É óbvio que a sinistra ministra não tem qualquer margem para continuar: só lhe resta um caminho, como ao Ingenheiro e a todo o executivo pê-esse: demitam-se, pá! Aquela manif – e as outras todas, já agora – era mesmo pra vocês. Não era pró Camacho que nem precisou de 100 mil na Avenida, chegou-lhe 20 mil no Estádio da Luz.

pic extraído de http://sixhat.net/2008/03/09/marcha-da-indignacao/

Sem comentários: