18/02/09

O Dia da Defesa Nacional, por Sargento Tainha

O João já tem 18 anos e anteontem ,por ocasião do Dia da Defesa Nacional, foi à tropa cumprir a sua obrigação cívica. Mas parece-me que alguma coisa não está bem nesta comemoração destinada a incentivar o orgulho pátrio e militar.

É que principal preocupação das centenas de jovens que seguiram com o João nas camionetas para prestarem culto à bandeira nacional não é terem de acordar às 6 da manhã. A preocupação deles é outra: não se desmancharem a rir durante a cerimónia! Não estou a gozar, é mesmo assim. Os putos vivem aterrorizados na expectativa de chegar lá e rebolarem-se a rir porque existe neste país uma estranha lei que pune severamente os cidadãos que desrespeitarem os símbolos nacionais, como a nossa ilustre bandeira. Ora há sempre dois ou três desgraçados menos resistentes que são apanhados a rir e lá têm que se deslocar ao quartel outra vez no dia seguinte. Isto senão lhes espetarem com uma multa que pode ir dos 600 aos 2000 euros... É por isso que o pessoal vive em pânico de se desmanchar a rir no dia da defesa nacional.

O João contou-me que é, de facto, difícil resistir às cerimónias. Começa logo na camioneta onde o cheiro a ganza faz lembrar um bar antes da lei do tabaco às 4 da manhã. Depois é o ritual no quartel: primeiro mandam-nos formar e apresentam-lhes umas raparigas um pouco mais velhas que eles, vestidas de uniforme militar e que se dão por nomes como «sargento Alberto», «sargento Fagundes» ou «sargento Silva». Ainda sob o efeito das ganzas, o pessoal mal se contém. Depois chegam dois tropas a marcharem, um com uma bandeja com um pano dobrado lá dentro e outro ao lado do primeiro. Nesta fase, diz-me o João, é essencial não olhar para nenhum conhecido que se encontre algures no meio da formação, o que pode ser fatal. Depois o segundo militar retira o pano - que afinal é a bandeira - da bandeja e iça-a no mastro. O mastro range com a falta de óleo nas espias. Aqui é esencial que o mancebo pense em desgraças e em aulas de matemática e na manela ferreria leite senão quer estragar o enorme esforço que o levou a chegar até àquela fase sem ter sido ainda detectado. Para finalizar em beleza vem um corneteiro que desafina que não é brincadeira e toca uma música. Diz-me o joão que esta fase só se aguenta fechando os olhos com muita força. Mas chegados a este ponto já só os mais sérios se aguentam, que a tropa não é para meninos! Nesta parte já a maior parte da malta tá rebentar de riso. Para o sargento ou sargenta que lidera é só escolher as duas ou três vítimas que deram gargalhadas mais estridentes. A tropa não é brincadeira nenhuma e os valentes mancebos que aguentam isto tudo sem se desmancharem a rir são dignos sucessores dos nossos melhores militares. Viva a Nação! Viva!

7 comentários:

Anónimo disse...

viva mazé ete texto, que me fez rir como me ria quando fiz a tropa-macaca deste país de bananas.

Anónimo disse...

Parti-me a rir. Acho que não estou habilitado para defender a pátria.

canito

Anónimo disse...

tá tudo a encher, suas abstuntas, e ai daquele que não endireite a barriga, bitréculas do caralho que metem nojo aos vermes!

ASS: Sargento De Ferro

Anónimo disse...

este último comentário só pode ser do Grão, pseudo-sargento de ferro.
só pode. merecia benficada, o camarada. tá a encher!

Anónimo disse...

este Cão tem ólho. reconhece a escola do calhau. saravá, irmão.

ass: graúdo

Anónimo disse...

Cão, vê o que encontrei no you tube. Um mancebo dos bons registou a cena do corneteiro. Só te digo: só um Job é que aguentava aquilo sem se desmanchar a rir às gargalhadas. Aqui: http://www.youtube.com/watch?v=CVKty4pLjPM
Vale a pena

Tainha

Anónimo disse...

Sargento tainha. Permito-me copiar aqui o que escrevi a "Grande irmão".
Pouco tempo de ter entrado pela primeira vez no Tapornumporco, percebi que entrara num Clube de homens. Fui muito bem recebida, até convidada a voltar, mas decidi que, a não ser em caso excepcional, é que faria um tímido comentariozinho aos vossos posts. Mas desta vez tenho mesmo de me "meter". Saber rir e saber fazer rir, é coisa tão boa e tão importante, e tão "séria", que merece ser saudada. Os posts de "grande irmão" e "Sargento Tainha" sáo uma delícia de graça e inteligência (e muito coimbrã) e aqui estou a dizer obrigada aos dois. Theresa