21/11/11

Médicos Economistas, por Hipócrates

O João, 17 anos, teve o azar de se aleijar a jogar futebol. Levaram-no logo às urgências do hospital mais próximo onde foi visto pelo médico de serviço. Diagnóstico: perna fracturada em dois sítios. Mas, pese embora o facto do desgraçado do João se contorcer com dores, o senhor doutor mandou engessar-lhe a perna e vais para casa descansar que o seguro depois trata do resto e marca-te a operação. Quando? Quando calhar...

O João passou a pior semana da sua vida até que, finalmente, foi chamado para a tal operação, uma semana depois, uma demora inadmissível no caso de um dupla fractura de uma perna. O puto chegou a desmaiar de dores...

Conheci a mãe do João, uma pessoa humilde, e percebi que ninguém vai pedir responsabilidades áquele senhor doutor que decidiu que é razoável que uma pessoa com a perna fracturada em dois sítios não seja, imediatamente, operado de urgência. Concerteza que o ilustre clínico cumpriu zelozamente a sua missão de poupar dinheiro aos cofres do estado, encaminhando a operação para o seguro. Mas há aqui qualquer coisa que soa mal... O dever do médico é poupar dinheiro aos cofres do estado (mesmo que à custa da saúde do doente) ou zelar pela saúde do doente?

Se calhar sou eu que estou desactualizado acerca daquilo que é o novo perfil do médico nos dias que correm... Possivelmente os curriculos dos cursos de medicina já incluem cadeiras como Finanças I e Contabilidade II ao lado das Ortopedias, Biologias e Pneumologias. A julgar pela amostra, se não incluem deviam incluir. E por este andar, qualquer dia ainda chegamos a um hospital e em vez de sermos atendidos por um médico somos atendidos por um economista. Já faltou mais...

1 comentário:

Diogo disse...

tens razão. Só que o economista está no banco e é ele que te vai conceder um empréstimo, quase por favor (e com juros de 50%), para poderes ir ao hospital privado.